sábado, 8 de junho de 2013

A Saudade...


“Fui me confessar ao mar. E o que ele me disse? Nada.”
(Lygia Fagundes Teles)



            Falar de saudade é falar de mim mesmo e do(a) outro(a), que tanto amo, em um só dialeto e expressão. Bendita seja a linguagem humana portuguesa, por poder expressar, em uma só palavra, a solidão de um coração. Porém, mais bendita é a memória afetiva que arde em seu sonho de encontrar o(a) amado(a) no seu presente, conforme a beleza do passado. Somos os grandes artífices da saudade e creio que somente ela pode fazer com que o outro seja eternizado em nossas emoções.
            A palavra saudade é de nossa “tirinha”, é da mesma “gema” brasileira que fomos formados. Originou-se do grande sentimento que afastava os português e negros de suas terras natais e de seus entes queridos, após a chegada das embarcações nessa Terra de Santa Cruz. Podiam eles perceber, lembrando das palavras de Exupéry, que “entre os homens a gente também se sente só”. Isto é, em meio a uma multidão, também podemos nos perder em uma solidão drástica e marcante – diga-se de passagem, que a palavra saudade deriva do latim solitáte, que significa solidão.
            Sendo assim, somos seres de saudades! Somos as mães e os pais a sentirem necessidade de estar com seus (suas) meninos(as) repousados(as) sobre o colo protetor-acolhedor do lar; somos os irmãos, a lembrar da alegria da diversão inocente e fraterna; somos os amigos a encontrar graça nas piadas antigas e contos marcantes; somos os amantes a rememorar o atraente sentimento da primeira troca de olhares e o doce sabor dos primeiros beijos... Somos as carinhosas lembranças do lugar marcante e do memorável objeto amado.
Quão bela é a saudade, filha da memória e neta do amor. Quão belo é seu desejo de fazer com que nos encontremos na multidão com as pessoas e não com os indivíduos. Quão belo é seu sorriso no encontro esperado e no afago do abraço forte. Quão digna é sua capacidade de continuar a ressurreição dos que já se foram com a separação mortal.
Ah... Caro(a) leitor(a), permita-me desculpar-me, pois não consigo falar desse sentimento, sem me perder no discurso sobre meus amados e minhas amadas... Talvez, seja impossível para eu falar ou separar nas palavras a homilia sobre a saudade e a homilia sobre os amados. Porém, fico feliz em ter podido dizer-lhe sobre quão esplêndida é a saudade que sinto dos meus amados e de minhas amadas e ainda sou grato pela capacidade de amar que a memória me dotou!

JACKSON DE SOUSA BRAGA
Na solidão das letras, 8 de junho de 2013, 23h03min.
DIA MUNDIAL DA SAUDADE

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