quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Mais um dia 10 de Novembro...


Ao acordar, penso no mistério da vida e da morte.
Ao me levantar, estico este moribundo.
Ao me olhar, vejo mais um ano passado.

Ao orar, louvo a Deus por não estar morto.
Ao estudar, coloco em ação o enigma de um “eu”.
Ao ouvir, recebo felicitações, seja por estar mais vivo ou mais morto.
Ao falar, agradeço o calor humano que arde em meu peito.

Ao alimentar-me, lembro-me da proteção do útero materno.
Ao trabalhar, descubro que fui expulso para a frieza do mundo.
Ao descansar, rememoro as vésperas da morte.

Ao banhar-me na chuva, tento livrar-me das sujeiras internas e externas.
Ao divertir-me, fujo da dor que o amar me causa.
Ao dormir, prefiguro minha estadia no meu próprio jazigo.
Ao sonhar, ganho a oportunidade de esperar pela vida.




AMO NOVEMBRO: Por ser meu, por ser o mais lindo com suas chuvas e por me preparar para o fim que se aproxima subitamente...




JACKSON DE SOUSA BRAGA.
Mariana, 10 de novembro de 2010 – 17h15min.
Por ocasião de meu aniversário.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Um dia na Praça...



Estar na praça, estar no momento de silêncio. Estar na história de minha vida. Estar em um banco. Ser mais um no mundo contando uma história, mas qual história? A história de minha vida, a qual vivo e conto a todo instante: estava como aquela criancinha que antigamente sentava-se na beirada da cadeira de seus avós para ouvir histórias e mitos que eles tinham para contá-la. Às vezes, ficavam até com medo, mas gostavam de ouvi-las. Gostavam de encantar-se com suas palavras. Eu me sentia nas duas situações. Deixei que fossem em mim suprassumida a criança e os avós. Lembrava-me das minhas experiências, histórias, momentos que vivenciei e vivencio até hoje.
Comecei a olhar para todos os locais que meus olhos podiam alcançar. Via o infinito, no tempo e no espaço, perdido. Coitado! Vagava como estas minhas palavras no papel. Sentia-me perdido em meio as inúmeras coisas. Pensei logo: “tenho que fazer algo! Mas, o que tenho que fazer?” Recebi só uma resposta: “Tem o nada, se é que possa tê-lo algum dia!” Mas, relutei e observei que já estava fazendo algo: “Ora, estou aqui sozinho, ouvindo-me, falando-me...
Não me veja como uma solipsista, pois não o sou. Estava experimentando ouvir as doce palavras que o amor podia me falar; dizendo ao amor que o amava de um modo desconhecido. Lançando os mais doces beijos ao amor, esperando que ele gozasse de tão maravilhosos momentos; amava ao amor; tocava-o com as mãos invisíveis de minha alma; sentia seu doce perfume, como era maravilhoso! A saudade batia em meu peito lembrando-se do sabor de sua boca e do gosto agradável de seus lábios.
Mas eu estava só! Via centenas de pessoas, mas faltava apenas o amor. Faltava o que eu apreciava. Desejei sentir suas mãos tampando meus olhos e tocando as lágrimas que caiam dos mesmos: “Surpresa! Por que chora?” iria lhe dar como resposta: “Sinto tantas dores! Já não suporto!” O amor sempre preocupado ousaria a dizer: “Não fique assim!” Minhas palavras iriam se encher de ira: “Como não quer que eu fiquei assim, queria você dentro de mim, habitando meu coração e tocando-o com sua presença! Sabe o que me dói? É saber que sofrer por amor machuca, mas sofrer sem ele é muito pior!” desejava um “sim, eu volto! Como antigamente, nos dias em que nos escondíamos nas praças de seu coração e ficávamos a nos deliciarmos dos frutos de nossa presença!” Mas, eu observei que estava lá novamente só e chorando.
Tudo não passava de um vazio completo! Via grupos de amigos deixando-se no vício de seus pulmões. Eles estavam caídos em suas tristezas e imersos no fingimento de seus sorrisos. Via meninas festejando sua própria vaidade, deixando-se cada vez mais imersas em suas fotos. Mas, faltava algo!
Via a mãe e amigas festejando em fotos com seu amor, mas aquele amor havia nascido daquela mãe e completava a ela e não ao meu coração, por isso continuava no vazio. Via trabalhadores se matando para conquistarem seus sonhos. Via uma mãe abraçando seu amor. Via um homem que muitos consideravam defeituoso se virando para mim e oferecendo alimento, mas eu não queria um alimento físico, eu queria um alimento afetivo. Sabia que só sua disponibilidade em me oferecer um alimento, já tinha um pouco do alimento que necessitava, mas não o tinha para me completar.
Parei de chorar e fui, então ao encontro de outra história. Não sei se será o que desejo ver, mas sei que é uma história infernal. Ainda bem que vou apenas vê-la e não vivê-la.

Jackson de Sousa Braga
Mariana, 28 de maio de 2009.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Por que no fundo...


Por que no fundo, nós desejamos existir
Por que no fundo, nós só construímos uma história
Por que no fundo, nós só queremos uma vida
Por que no fundo, nós só sonhamos com as estrelas.

Por que no fundo, nós só desejamos brincar
Por que no fundo, nós só construímos a família
Por que no fundo, nós só queremos filhos
Por que no fundo, nós só sonhamos com aquele sorriso

Por que no fundo, nós só desejamos alguém que nos espere, depois do trabalho
Por que fundo, nós só construímos o que amamos
Por que no fundo, nós só queremos ser cobrados para ser bons pais
Por que no fundo, nós só sonhamos em morrer com alguém que nos admira

Por que no fundo, nós só desejamos uma companhia
Por que no fundo, nós só construímos um nós
Por que no fundo, nós só queremos as pessoas felizes
Por que no fundo, nós só sonhamos em ser felizes

Por que no fundo, eu só sonho em te ouvir...


Jackson de Sousa Braga.
Mariana, 10 de junho de 2010, 20h26min.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

AMIGOS...



Todo ser humano experimenta uma amizade, acredito piamente que não exista um ser humano que não tenha um amigo. Amigo é uma palavra muito fácil de se falar, mas complicada de se viver. Amigo é um modo de ser divino na vida daquele que amamos, não é em vão que o próprio Deus quis ser humano para poder viver plenamente sua divindade.
Sabemos que a palavra “amigo” vem do latim amicus, a qual tem a mesma raiz da palavra amare que quer dizer amar. Podemos observar que não é do substantivo amor, mas sim o verbo amar, por que o amigo não tem só um sentimento, mas o pratica. Por isso, é tão complicado se dizer amigo. No grego, o verbo amar é dividido em várias palavras, cada uma designando um modo diferente de amar. A palavra que designa o amar do amigo é ágape, que é viver o companheirismo, ajuda, sem nenhum laço afetivo-sexual, familiar ou religioso.
Além disso, ouvimos tradicionalmente esses ditados se referindo aos amigos: “Amigo é o irmão que nós escolhemos”; “Amigo é um presente que temos a oportunidade de nos darmos a nós mesmos”. Com certeza um amigo é um irmão, mas o ser amigo passa o ser irmão. Um irmão pode ser amigo e muitos o são. Agora, quanto aos amigos, podemos afirmar que todos são irmãos. Amigo nos conhece com uma profundidade indizível, sabe quais vão ser nossas reações diante de X ou Y acontecimento. É por isso, que não podemos sair intitulando todos de amigos por ai, como se o fosse.
Acredito que não é necessário se falar: “amigo verdadeiro”, porque o ser amigo já inclui o ser verdadeiro. Não existe um amigo falso, isto você pode chamar de colega, mesmo assim não sei se o é merecedor de tal nome. Nem todo amigo é padre nem muito menos psicólogo, mas com certeza é a pessoa certa para ouvir nossas confissões e nos dar orientações. Duvido que você nunca tenha procurado um amigo para falar algo que fez de errado ou para pedir uma orientação do que fazer.
Até mesmo o pensamento nasceu de uma reunião de amigos, podemos ver pelos filósofos. Eles sempre se reuniam nas praças da Grécia com seus amigos para pensarem no Ser, no Amor, no Conhecimento etc.
No fim desse texto, só posso dedicar essas minhas poucas palavras aos amigos que tenho. Obrigado por ser uma presença tão importante em minha vida. Sei que essas palavras não são suficientes para expressar a experiência da amizade, podia até dizer como Wittgenstein: “do que não se pode falar, deve-se calar.” Porém, penso ser justo parafrasear Santo Agostinho para dizer que não consigo me expressar com precisão sobre os amigos, mas essas palavras são para que eu não me cale diante de seres tão importantes, que muitas vezes não precisam de palavras para serem amigos, pois sabem ser estrelas nas noites de nossas vidas.


JACKSON DE SOUSA BRAGA
Por ocasião do dia internacional da amizade.
Itabirito, 20 a 27 de julho de 2010.